De uma forma geral, o género pode ser definido como um conjunto de características definidas culturalmente e que determinam a forma de ser/estar das pessoas, sendo normalmente associado ao sexo (ex. mulheres devem vestir saias; homens devem vestir calças). Pode dividir-se em identidade de género – forma de ser/estar com a qual me identifico – e expressão de género – forma de ser/estar que quero manifestar perante a sociedade.

            Esta noção ainda está envolta em mistério no mundo do desporto, e muito já se tem falado sobre as mulheres neste mesmo contexto. Mas será que está tudo desmistificado?

            Género e orientação sexual ainda são confundidas no mundo do desporto, e aqui surge uma temática muito pouco abordada – homofobia. O desporto é um contexto muito associado ao homem, mas ao homem musculado, insensível, garanhão. Não há cá espaço para gente com falos e simultaneamente com trejeitos de mulher, sim porque são assim descritos os homossexuais, discriminados e sem grandes oportunidades. Recentemente, associa-se homofobia não só ao medo/desprezo dos homossexuais, mas também ao medo de “ser como eles” ou ao medo de “parecer como eles, mesmo que não seja”.

            Quando estas noções se baralham todas na educação de uma criança, surgem diálogos internos como “gosto de futebol” mas “gosto de estar arranjado e cuidar de mim” então “não posso jogar futebol”. Ou ainda “sei jogar futebol” mas “também sei que gosto de rapazes” então “o contexto desportivo não é para mim”. Um processo de argumentação falacioso que, se não foi acompanhado, poderá conduzir a um prejuízo na saúde mental.

            Para que fique claro:

            O que gosto ≠ do que sou ou como estou na sociedade ≠ da minha orientação sexual.

            Equidade pressupõe exatamente isso, darmos a todas as pessoas oportunidades que permitam potenciar os pontos fortes e desenvolver os pontos fracos, de modo a que toda a gente possa fazer o que gosta, ser como é, estar como se sente bem e se relacionar com os outros da forma que bem entender (desde que sem prejudicar).

            Quando atingirmos uma sociedade assim, o que implica que isto se verifique em todos os contextos – desporto incluído – o trabalho estará terminado. Até lá, cada pequeno passo poderá ter repercussões enormes, por isso não desistamos por favor!