Discriminação na ocupação de cargos públicos

Entre as dificuldades para elas alcançarem o comando das companhias estão: o assédio, no trabalho, a discriminação com gravidez e a falta de políticas de equidade de gênero.

Apesar de serem mais da metade da população e estarem responsáveis por 44% da mão de obra, as mulheres ainda são minoria quando o assunto é liderança, elas só ocupam 18% dos cargos de presidência em empresas com sede no país. Esse panorama repete-se até mesmo em países que conseguiram alcançar maior taxa de igualdade de gênero.

Os cargos públicos de comando seguem a mesma lógica excludente. Dos ministros do novo governo eleito anunciados, há somente duas mulheres. No Supremo Tribunal Federal , há apenas duas mulheres entre os 11 ministros. No Superior Tribunal de Justiça , são seis mulheres e 27 homens. Recentemente, a militar Dalva Maria Carvalho tornou-se a primeira mulher da história a ocupar um cargo de oficial general das Forças Armadas, posto mais alto que uma mulher pode ocupar no serviço militar.

Mensagem a todos os assediadores

O que há no meu corpo que te atrai tanto? O que há nele que te dá o direito de objetivar, sexualizar, abusar?

É a minha pele, ela provoca-te? São os meus lábios, não muito diferentes dos teus, que dizem coisas que te incentivam? Os meus olhos pedem que me provoques sem eu sequer me aperceber? A minha postura pede por assédio?
As minhas roupas, o meu comportamento, todo o meu eu pede que me provoques, que me toques, que chames nomes insultuosos como se fossem elogios? São os meus peitos? A parte do meu corpo que alimenta uma criança, é isso que te atrai?
Achas mesmo que olhares para o meu corpo como se fosse um objeto me fará querer estar contigo? Achas que “elogiares” o meu rabo e as minhas mamas, seres desrepeitoso para comigo, me fará sentir algum tipo de atração por ti? Ser perseguida e tocada sem o meu consentimento me fará ver a luz e perceber que afinal gosto que me assedies?
Ou se calhar é o poder que te atrai. Sentires que consegues assustar alguém, consegues intimidar e possuir, tirar algo que não te pertence e marcar uma pessoa para sempre.
Seja o que for que te atrai, o meu corpo não é teu para objetivar, sexualizar, assediar e abusar. O meu corpo é meu e em nada pede que aches que tens qualquer tipo de autoridade sobre ele.

A Desconstrução da Noção de Género no Desporto

    De uma forma geral, o género pode ser definido como um conjunto de características definidas culturalmente e que determinam a forma de ser/estar das pessoas, sendo normalmente associado ao sexo (ex. mulheres devem vestir saias; homens devem vestir calças). Pode dividir-se em identidade de género – forma de ser/estar com a qual me identifico – e expressão de género – forma de ser/estar que quero manifestar perante a sociedade.

            Esta noção ainda está envolta em mistério no mundo do desporto, e muito já se tem falado sobre as mulheres neste mesmo contexto. Mas será que está tudo desmistificado?

            Género e orientação sexual ainda são confundidas no mundo do desporto, e aqui surge uma temática muito pouco abordada – homofobia. O desporto é um contexto muito associado ao homem, mas ao homem musculado, insensível, garanhão. Não há cá espaço para gente com falos e simultaneamente com trejeitos de mulher, sim porque são assim descritos os homossexuais, discriminados e sem grandes oportunidades. Recentemente, associa-se homofobia não só ao medo/desprezo dos homossexuais, mas também ao medo de “ser como eles” ou ao medo de “parecer como eles, mesmo que não seja”.

            Quando estas noções se baralham todas na educação de uma criança, surgem diálogos internos como “gosto de futebol” mas “gosto de estar arranjado e cuidar de mim” então “não posso jogar futebol”. Ou ainda “sei jogar futebol” mas “também sei que gosto de rapazes” então “o contexto desportivo não é para mim”. Um processo de argumentação falacioso que, se não foi acompanhado, poderá conduzir a um prejuízo na saúde mental.

            Para que fique claro:

            O que gosto ≠ do que sou ou como estou na sociedade ≠ da minha orientação sexual.

            Equidade pressupõe exatamente isso, darmos a todas as pessoas oportunidades que permitam potenciar os pontos fortes e desenvolver os pontos fracos, de modo a que toda a gente possa fazer o que gosta, ser como é, estar como se sente bem e se relacionar com os outros da forma que bem entender (desde que sem prejudicar).

            Quando atingirmos uma sociedade assim, o que implica que isto se verifique em todos os contextos – desporto incluído – o trabalho estará terminado. Até lá, cada pequeno passo poderá ter repercussões enormes, por isso não desistamos por favor!

Direitos Humanos e Pandemia

Felizmente, tive oportunidade de receber formação sobre a Carta dos Direitos Humanos. Na altura, fiquei muito curiosa e o trabalho desempenhado em sessão fez com que conseguisse compreender cada um dos 30 direitos, mas confesso que não os decorei. Agora, em viagem, deparei-me com uma situação um tanto curiosa e que me fez voltar a procurar a Carta dos Direitos Humanos, explorá-la e refletir sobre ela. Já diziam os/as professores/as na universidade: não vale a pena decorar a informação, é preciso saber onde procurá-la quando precisamos dela.

Resumindo, estive de viagem e, nessa comunidade, as pessoas recusavam-se a usar máscara em estabelecimentos fechados. Acontece que esses estabelecimentos tinham um segurança à porta que perguntava pela máscara, incentivavam o seu uso, assim como a desinfeção das mãos, mas nada era obrigatório. Perguntei porquê, obviamente. Porquê que havia uma força de segurança se as suas ordens não eram cumpridas, e ainda lhe faltavam ao respeito. Parece que, nessa cidade, é comum as pessoas dizerem que não usam a máscara, porque isso é uma violação dos seus direitos humanos. Em pesquisa, encontrei alguns prós e contras.

Na verdade, a Carta dos Direitos Humanos diz que “Todo o ser humano tem direito à liberdade de pensamento, consciência” (artigo XVIII), “opinião e expressão” (artigo XIX), e que “Ninguém poderá ser culpado por qualquer ação ou omissão que, no momento, não constituíam delito perante o direito nacional ou internacional” (Artigo XI). Se não é considerado um delito, então ninguém os pode acusar, é verdade. Mas não há uma justificação clara para a não utilização da máscara.

Por outro lado, a Carta dos Direitos Humanos também diz que “Todo o ser humano tem deveres para com a comunidade” (Artigo XXIX), “tem direito à segurança social” (Artigo XXII) e que “Ninguém será sujeito à interferência em sua vida privada, em sua família” (Artigo XII). Acrescenta ainda que “Todo o ser humano tem direito à vida…e à segurança pessoal” (Artigo III) e que devemos “agir em relação uns aos outros com espírito de fraternidade” (Artigo I). Eu considero que, se não usam máscara, não estão com este espírito, não zelam pela minha segurança pessoal/social e ainda interferem com a minha vida privada, assim como com a minha família.

A única resposta que consigo encontrar em concreto é que, se queremos que as pessoas sejam respeitadas, isso tem de constar na legislação. Contudo, não se fazem leis para um “curto período” como se espera que esta pandemia seja. Tenho pena que as pessoas não saibam respeitar-se umas às outras, apenas porque existem princípios como empatia, civismo e fraternidade.