Uma Sociedade de Vergonhas

Ser pai/mãe, hoje em dia e na nossa sociedade, é considerado uma bênção. A vinda de uma criança (ou várias) irá alegrar uma casa, uma família. Quem sabe até unirá elementos familiares que já não se falavam, retomará as festas de família e fará com que todos atinjam a felicidade eterna!

Após esta fase inicial de floreados, a criança efetivamente nasce – porque tem de ser, não há forma de fugir disso – e eis que começam um conjunto de opiniões a chegar aos/às pais/mães, opiniões essas que parecem do tempo da pré-história.

Começamos pelos típicos conselhos sobre como vestir e tratar da criança. Se é rapaz só deve vestir azul e verde, rosa nem pensar. Se é rapariga não deve tomar banho com o pai, essas modernices do contacto pele com pele não devem ultrapassar a barreira do respeito. Se a criança tem ramelas, a mãe não está a fazer bem o seu trabalho, independentemente se foi o pai que lhe deu banho. Se o pai está cansado, é porque teve de ir trabalhar depois de uma noite de choro, mas a mãe deve estar impecável, porque passa o dia em casa e pode “descansar”.

Por mais que os/as pais/mães digam que não ligarão a tudo isto, a verdade é que estas situações vão tendo impacto não só a nível interno e intrafamiliar, mas também na forma como se começam a posicionar na sociedade.

Eis que este pai chega ao trabalho e tenta esconder as olheiras, porque não é normal que tenha sido ele a ficar acordado durante a noite só para que a mãe pudesse descansar. Se algum/a colega lhe pergunta como estão a correr as coisas, deverá responder de forma superficial, sem falar nas fraldas e bolsados que anda a limpar.

Pelo contrário, a mãe é considerada um ser de outro mundo – negligente até – se sonha sequer sobre o seu trabalho e como isso a fazia feliz. É impensável se decidir não tirar a licença de maternidade. As conversas com as mulheres que a rodeiam devem ser sobre “o produto x é melhor para lavar a roupa”, “prefiro as fraldas y” e “os produtos de banho z não lhe fazem alergia”.

Como é possível que, em pleno século XXI, quando se considera a igualdade de género um tema “batido”, que um pai tenha vergonha de admitir que cuida do/a filho/a melhor até do que a mãe? E que uma mãe tenha vergonha de dizer que não vê a hora de voltar ao trabalho? É preciso desconstruir todas estas ideias, urgentemente!

Os Animais…

Vulgarmente chamados de animais, seres irracionais, insensíveis e tantos outros termos pejorativos, carregados de desrespeito e ignorância.
São seres que sofrem tremendamente há vários e largos anos… Tudo graças a um único grupo de seres vivos, que muito enchem o peito para se auto intitularem de racionais e superiores. Sim, exatamente, (nós) os seres humanos…
A natureza mãe em seu ecossistema perfeito nos presenteia, de forma a vivermos numa sintonia e partilha constante e diversa.
Intervenções e destruições antropogénicas trouxeram consequências devastadoras no decorrer da nossa cronologia existencial. O egocentrismo humano e sua arrogância, recheadas de narcisismo e egoísmo abundaram tanto que, mataram e destruíram inúmeros habitats e grupos planetários.
Vejamos esta problemática sob prismas e ângulos diferentes, começando pelos animais domesticados, que se encontram em casas e acompanhados de humanos. É o caso do cão e do gato (independente do género), os mais tradicionais e encontrados habitando nos lares. Atualmente existe alguma legislação que os protege, de alguma forma, ambos os grupos, e, ainda assim está muito aquém de ser suficiente para travar o sofrimento. Animais acorrentados, com sede e fome, com frio, sem condições mínimas para sobreviver ou presos dentro de quatro paredes, sem sequer saber o que é o cheiro do passeio.
Ressalto que, os animais não-humanos não são objetos, tão pouco brinquedos ou peluches, bem como não são propriedade de ninguém. Nós humanos, temos a graça e a felicidade em os ter por perto, e temos a possibilidade, enquanto tutores, viver em conjunto, proporcionando-lhes uma vida digna e feliz.
No entanto, assistimos e temos conhecimento dos casos diários e imparáveis de abandono, maus tratos de várias formas e graus. As autoridades de segurança, as autarquias e governos, bem como as associações, ativistas e protetores de animais continuam com imensa dificuldade em preencher as lacunas. A consciência e a sensibilidade para com estes pequenos, mas grandes seres é algo que deverá ser alcançado no coletivo.
Saindo do ambiente doméstico, passamos a todos os demais animais que não estão, de todo, protegidos ou sequer são vistos como animais sencientes e com direito a viver. Sim, os animais sencientes, como os porcos, vacas, galinhas, cabras (entre outros) têm um sistema músculo-esquelético muito semelhante ao nosso. Sentem dor, frio, fome, medo… Eles choram, gritam, saltam, falam sob várias línguas e idiomas incompreensíveis aos ouvidos e olhos da maioria de nós. Para os compreender simplesmente nos devemos aproximar genuinamente, sem invadir o espaço deles, olhar, ouvir e sentir. Certamente e facilmente conseguiremos perceber o que nos transmitem… o respeito é a chave de toda e qualquer relação.
Os animais que diariamente são abatidos, mortos, massacrados, torturados, testados e são vítimas de um uso abusivo e sem qualquer ética…. Para fins de consumo e prazer humano. Sim, puro e simplesmente para nossa utilização (aquelxs que compactuam com esta grande indústria). Como diz Peter Singer “A escravidão animal deveria ser enterrada, juntamente com a escravidão humana, no cemitério do passado. A libertação animal também é uma libertação humana”.
Poderemos olhar para os animais (não-humanos) de outra forma, com o devido respeito?

Toda forma de vida e de amor

Toda forma de vida é única, é especial, é marcante, é determinante e é veículo vivo do amor natural em sua essência concebida. O ser humano transporta diversidade em todo planeta, apresentando uma diferença tanto quanto singular, no entanto manifestamos uma semelhança impressionante. Assim somos, iguais, idênticos, semelhantes e, em simultâneo somos únicos em nossa individualidade e no nosso coletivo. A riqueza humana é bela e vasta, para tal conseguirmos respeitar, melhor entender e apreciar basta que olhemos com a atenção devida.
As expressões de amor sentidas são várias e apresentam-se sob vários espectros e formas, sendo cada qual válida e adequada para cada um/x.  O corpo e vida dx transgénero, dx não-binárix, dx queer, dx assexuadx, dx pansexual e de todxs aquelxs que aqui coabitam são especiais e valiosas tanto quanto a do homem e mulher cisgénero (aquelxs que se identificam com o género biológico atribuído à nascença). O ódio, a fobia e o preconceito nascem do desrespeito e da ignorância, frutos do medo sob aquilo que é desconhecido. Assusta tanto assim alguém não se identificar com o corpo que nasceu? Ao ponto de destruir e retirar a vida desse ser humano?  Aprendamos mais com os ditos “animais selvagens”, assim como das tribos indígenas que manifestam várias expressões e identidades de género há várias gerações. Entre elxs importa sobretudo a felicidade e o respeito. A problemática identidade de género, alvo de polémicas intermináveis, julgamentos e posições recheadas de medo e preconceito por várixs políticxs e funcionárixs publicxs tem sido fortemente discutida (de alguma forma) ultimamente. Talvez seja necessário olhar e falar abertamente, com evidências científicas e olhares atentos de clínicxs e técnicxs especializadxs, além de trazer para perto todxs aquelxs que necessitam do auxílio maior. Faço referência delxs que se identificam enquanto seres não cisgéneros, que fogem ao padrão héterocisnormativo.
A orientação sexual é outro grande ponto, aliado ao anterior citado, que desperta há muitos e largos anos controvérsia, polémica, protestos, guerras e muito sofrimento.
A comunidade LGBTI+ continua com o apelo por respeito, por direitos à vida, um emprego, uma casa, uma família. Urgentemente pede por paz, por poder regressar a casa (aquelxs que a têm) sem sofrer qualquer agressão, um apelo por assistência médica e hospitalar (tratamento hormonal, acompanhamento psicológico, entre outros) e por uma vida mais digna. Sim, neste momento as pessoas transgéneras têm os seus direitos sociais pouco ou nada respeitados e validados, acabando muitas vezes por se prostituir e, não raro suicidam-se ou são assassinadxs. Índice muito alto para as mulheres transsexuais, brutalmente agredidas com frequência. Igualmente aos seres humanos de orientação sexual (fora da heterossexualidade), como os homossexuais ( e não apenas, como exemplo bissexuais) que são alvo do preconceito, da fobia e das recorrentes agressões. Frequentemente estes grupos são expulsos de suas casas, por simplesmente serem quem são, sofrem injúrias, calúnias, agressões várias e têm suas vidas dificultadas. As atividades para honrar todo este grupo, como as paradas LGBTI+ (Pride), ações de sensibilização, entre outros manifestos ativistas continuam a ser imprescindíveis. Sim, esta comunidade está um bocado longe em ter os seus direitos básicos de vida garantidos e assegurados. Apenas pedimos por respeito (ninguém gosta de tudo), pois essa é a base humana para uma convivência civilizada. Toda a forma de vida e de amor é válida e deve ser respeitada.

Masculinidade tóxica

Porque que há tantos homens que ficam apavorados com a ideia de serem “efeminados”? De usarem roupas designadas como roupas de mulher, de usar verniz, maquilhagem, até um batom de cieiro?

Na nossa sociedade machista ser mulher é sinónimo de fraqueza. Logo, tudo o que seja criado com o sexo feminino em mente é visto como algo para fracxs. Um homem usar verniz ou um vestido é como cometer um pecado para com toda a raça masculina.

Quando é que uma peça de roupa ou um pouco de tinta tornou-se num sinal de fraqueza? Quando é que uma cor, um tipo de sapato passou a designar as nossas preferências sexuais? Quando é que chorar e emoções passaram a ser exclusivos das mulheres, quando é algo inerente de todxs xs seres humanxs?

Porque que os homens têm de se conformar à masculinidade tóxica existente na nossa sociedade? Usar saia, pintar as unhas, não faz de um homem menos homem. Não faz dele mais fraco. Faz dele uma pessoa que usa roupa, nada mais, nada menos. Um vestido, umas calças… No fim do dia continuam a ser roupa, não a designação do feminino ou masculino.

Discriminação na ocupação de cargos públicos

Entre as dificuldades para elas alcançarem o comando das companhias estão: o assédio, no trabalho, a discriminação com gravidez e a falta de políticas de equidade de gênero.

Apesar de serem mais da metade da população e estarem responsáveis por 44% da mão de obra, as mulheres ainda são minoria quando o assunto é liderança, elas só ocupam 18% dos cargos de presidência em empresas com sede no país. Esse panorama repete-se até mesmo em países que conseguiram alcançar maior taxa de igualdade de gênero.

Os cargos públicos de comando seguem a mesma lógica excludente. Dos ministros do novo governo eleito anunciados, há somente duas mulheres. No Supremo Tribunal Federal , há apenas duas mulheres entre os 11 ministros. No Superior Tribunal de Justiça , são seis mulheres e 27 homens. Recentemente, a militar Dalva Maria Carvalho tornou-se a primeira mulher da história a ocupar um cargo de oficial general das Forças Armadas, posto mais alto que uma mulher pode ocupar no serviço militar.